terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Lixo

Lixo

Fiz esse poema em um papelão encardido
Inspirado em pensamentos poluídos
Escritos com a sujeira acumulada
Embaixo da unha, em cima das calsadas
Deste imundo mar de decomposição
Onde até o dinheiro suja minhas mãos
Onde a fruta industrial tem sabor e gosto
Mas é o papel que enxuga o suor dos nossos rostos.

Cortamos as árvores, virtualizamos o amor.
A natureza se vingou dando flores.
Mas quem se lixa pra flor?
Somos rodeados de aromatizadores
Que impedem que a gente cheire a merda que temos feito!
Nosso jardim plastificado com fragrâncias de todos os efeitos
Mas esse poema não cheira a lavanda, ele tem gosto de graxa
O lixo é de graça, é o espelho das massas
...
Esse poema também, é de graça e é espelho.
É fumaça de indústria e sinais vermelhos.
É lixo, mas que se lixa pro lixo hoje em dia?
Com tanto chão imundo e lixeiras vazias
Com tanta vida suja, quando o lixeiro vem
Para confiscar tudo aquilo que tu diz ser teus bens?
Ontem é lixo. O consumível, o consumado, tudo é deletável!
E para contribuir amasso no chão meus versos recicláveis.


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