quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Recado Para a Jardineira

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Chuva Gentil

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Canção di Retorno ao Sertão

Canção di Retorno ao Sertão
Ô cidade grande,
Di tanta gente pequena
Perdida entre prédios gigante,
A vida que não vale a pena.
.
Quando eu saí do sertão,
Disse: Não volto mais não!
Mas prefiro morrê di sede
Do que morrê di ilusão!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Dois Beijos

Dois Beijos
O primeiro foi assim:
Quis acontecer, mas não aconteceu.

Já o segundo aconteceu,
Mas não devia.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Jazz às 3

Sentado no chão do quarto
Vou deixando ele tocar
Só pra sentir o gosto
Da ritmada nostalgia
Que ajuda a esquecer
O clima mais quente
As pessoas mais frias
Cada vez mais pessoas
Cada vez menos clima


O sax de Coltrane
Ecoa no meu quarto vazio
Na minha vida vazia

Daqui à 4 horas
Talvez eu durma
Talvez alguém acorde
E vá trabalhar
Não por salário
Mas pela sensação
Da vida fazer
Um simples sentido
Pois, sem ele
Por que acordar?



Talvez por isso eu resisto fechar

Os olhos antes das 3

Tenho medo de acordar de manhã

Precisar achar sentido

E não achar...

Viver...
A vida é uma jazzband improvisando
Onde ninguém sabe bem
Quando mudar de ritmo,
Quando fazer um solo
E principalmente, quando parar,
E nem precisa. É uma questão de sentir...
Viver/jazz é uma questão de sentir e não de fazer sentido.
Por exemplo,
Faria sentido o vazio
Do meu peito
Preencher tanta linha
Do meu caderno?

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Lixo

Lixo

Fiz esse poema em um papelão encardido
Inspirado em pensamentos poluídos
Escritos com a sujeira acumulada
Embaixo da unha, em cima das calsadas
Deste imundo mar de decomposição
Onde até o dinheiro suja minhas mãos
Onde a fruta industrial tem sabor e gosto
Mas é o papel que enxuga o suor dos nossos rostos.

Cortamos as árvores, virtualizamos o amor.
A natureza se vingou dando flores.
Mas quem se lixa pra flor?
Somos rodeados de aromatizadores
Que impedem que a gente cheire a merda que temos feito!
Nosso jardim plastificado com fragrâncias de todos os efeitos
Mas esse poema não cheira a lavanda, ele tem gosto de graxa
O lixo é de graça, é o espelho das massas
...
Esse poema também, é de graça e é espelho.
É fumaça de indústria e sinais vermelhos.
É lixo, mas que se lixa pro lixo hoje em dia?
Com tanto chão imundo e lixeiras vazias
Com tanta vida suja, quando o lixeiro vem
Para confiscar tudo aquilo que tu diz ser teus bens?
Ontem é lixo. O consumível, o consumado, tudo é deletável!
E para contribuir amasso no chão meus versos recicláveis.


O Próximo Passo

O Próximo Passo
Então do céu,
Desceu uma luz,
Em pleno centrão,
No meio de todo mundo
E ninguém viu.

Essa luz foi tomando forma.
Não posso detalhar aqui
Porque não a vi muito bem.
Mas pude ouvir o anjo,
Que ali gritava quase aos prantos:


"Ó sociedade urbana!

Desliguem a TV! Apaguem as luzes! Tirem seus óculos!
-Não há mais nada para ver...

Desliguem o ar condicionado! Fechem as torneiras! Esvaziem as piscinas!
-A chuva nos refrescará quando a gente merecer!

Rompam os anéis e os colares! Rasguem seu dinheiro! Tirem suas roupas!
-Não há do que se orgulhar mais!

Vamos quebrar a lente dos microscópios! Parem de descobrir! Parem de inventar!
-O próximo passo do homem é para trás!"

E essa teria sido
A última vez
Que Deus tentou
Falar com o homem.
E ninguem ouviu...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Baile de Interior

Baile de Interior
Há 5 anos e muitos kilometros atrás,
A menina me chamou pra dançar.
Sorriu,
Fez beiço,
Enfim: sedução sincera.
Mas recusei por infeliz timidez
...

E hoje, nessa noite silenciosamente escura,

Ouço apenas meu coração se debater no meu peito,

Louco para sair.

Ele bate inconformadamente forte, perguntando:

Será que ela ainda está lá sambando?