quarta-feira, 30 de junho de 2010

Desabafo Sincero I

Ansioso, ansioso e ansioso.

Me sinto ansioso.
E ansiedade não tem tempo para métrica.
Ela apenas percorre linhas desesperadamente,
Percorre estradas.
Longas distâncias o mais rápido que pode!

A ansiedade não coloca o guardanapo no colo antes de comer.
E sinceramente, a ansiedade não usa camisinha, não faz preeliminares.
Não pensa se é bom ou é ruim. Ela faz.

E por isso que ela me é tão apaixonante.

Unhasruídastelefonemassemsentidopernasnervosasdedosinquietos
Suorsanguealcoolismosógritospalavrõeslágrimassexocasualcigarro
Enfim, a ansiedade pertence aos apaixonados.

Ela pertence aos viciados.

E a quem anda na chuva apenas para buscar alguma maldita caneta que escreva
E volta gripado.

sábado, 19 de junho de 2010

E por distração

Minha mão trêmula já reescreveu essa linha mil vezes.

Tentando descrever a emoção. Tentando te mostrar o que eu vejo.
Te contar o que eu ouço. Te amargurar com essa minha nostalgia.

Eu perdi a pouco o meu olhar na janela. E a cidade gemia meu nome.
As ruas me chamavam. Com seu ritmo sujo, com suas luzes baratas e com seu calor.

Eu, que há anos me tranquei nesse quarto pequeno - Silencioso, escuro e frio.
Amontoado entre outros quartos pequenos.

Eu, que há tanto evito olhar pela minha janela. E por distração.
Agora não consigo tirar meus olhos dela. Querendo abraçar essa nostalgia.

Querendo me perder pelos bares. Visitar todos os lares. Levitar por todos os andares.
Navegar pelos mares de alcólatras. Drogados. Bandidos. Deprimidos.

Sendo mais um. Embalado pelo ritmo sujo. Guiado pela luz barata.
Rude. Descartável. Foda-se. Agora nem me lembro porque há tanto evito as ruas.

As ruas me chamam. Eu vou. Pra aquecer minha solidão. Além disso...
O diabo que a gente já conheceu é melhor que o diabo que a gente não conhece.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

3ºC

3ºC

No termômetro 3ºC
E uma senhora corcunda
De chinelo de dedo,
De bermuda de praia,
Arrastava sua desgraça
Pelas esquinas do desprezo
Lentamente, até o lixo revirado
Mas comparado ao descaso
E a frieza das pessoas em volta,
Aquele frio não era nada!

Sereno, lágrimas, buzinas...

...3ºC de Porto Alegre na sinaleira

Tumulto!
E eu vejo criança com jeito de adulto,
Jeito de vulto, jeito de culto
Solto no meio de insulto, solto meio de tudo
Pedindo trocados, amor de mãe trocado
Pela química que afaga e abraça apertado...


...Não solta!

Olhe em volta,
O preço é um furto, a vida é um surto, o tempo é curto na cidade!

E na Sibéria da felicidade,
Aquele frio não era nada!

Ainda

Ainda

Escuro...
Silêncio...
Aranhas por todo quarto...

E eu brincando
Com minhas fobias
Enquanto criança ainda

Na noite em que o último bebê nasceu

Na noite em que o último bebê nasceu 



Na noite em que o último bebê nasceu
Cortaram o cordão umbilical da mãe
E logo o plugaram a uma rede
Conectando ele ao mundo.

Tudo aconteceu rápido demais.

Ele olhou à sua volta
E sua alma abriu um berreiro
Pois se sentia obsoleta,
Pois o mundo já tinha acabado.

Exagero?

Por que,
O muitos que não entendem
As coisas que eu digo
Por amor, esperam eu puxar
Faca da gaveta da cozinha
Para se fazerem tão compreensiveis
?

Eu tenho algo engasgado aqui,
Coisa que o tempo acumula
E vai pesando na alma
Como tumor, corrói meu sono
Cada noite é um delírio
E cada segundo uma coincidência.

A vida dói no peito
Bate cada vez mais forte
Como se fosse um desespero
Pois minha mão está ansiosa
Embaixo do teu vestido
Tempo passa e nem me avisa
Já é tarde para deixar de amar

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O Mágico

O Mágico

Eu fiquei ali
Observando o mágico
Encantar todos a sua volta
Com sua destreza
Com seu fogo

Atraia olhares com seus movimentos
Que deslumbravam olhares desiludidos
Que confundiam olhares céticos
Que amedrontavam olhares ingênuos

Já eu nem piscava
Eu o observava como uma águia
Querendo entender seus segredos
Mas foi só ver seu singelo sorriso
Que eu entendi que não haviam truques